quarta-feira, 29 de maio de 2013

O que é, realmente, o virtual?



Na minha opinião tenho de começar por dizer, ou dar uma noção do conceito de virtual e real, apesar dos tempos que correm hoje em dia ser difícil fazer essa distinção, assim o virtual será algo que “existe em efeito”, “algo que é tão próximo/tangível da verdade que para a maioria dos propósitos, pode ser considerado como tal, ora algo cuja existência só pode ser inferida por uma evidência indirecta. O real por sua vez, é algo que existe, é “palpável, pode-se alcançar, tocar",  possível e objectivo.

Todavia nas interacções online esta distinção muitas vezes não é feita, por um lado, isto deve-se às redes sociais e á forma como é possível interagir com os outros através das mesmas; por outro, o ciberespaço oferece-se  uma panóplia onde podemos representar personagens, estas são uma espécie de self-ideal (do que gostaríamos/imaginamos ser) ambicionada pela pessoa que permite a vivência de emoções e de uma realidade fictícia. 

Assim estas personagens podem ser vividas aqui ( no ciberespaço), pois os outros não saberão o que somos na realidade se soubermos interpretar bem esse papel. A comunicação mediada por meios electrónicos, não sendo tão rica como a comunicação face-a-face, possibilita estas “interpretações de papéis” pois, é mais fácil comunicar e fazer sobressair características positivas de “si próprio”, ou seja o que idealizamos ser, ou gostava,os de ser, quando esta comunicação não é presencial, pois não estamos preocupados com a comunicação não verbal, ou seja, criar empatia com o outro através de expressões faciais, tom de voz, gestos, postura, etc.   

Estes processos que ocorrem no “online” começam a ser vividos literalmente pelo individuo… Este acredita na personagem que criou, chega a “viver” como essa personagem e a experienciar sensações novas que o agradam e incentivam a continuar. 

Na minha opinião esta vivência de papéis nem sempre é boa,  se uma pessoa começa a viver uma realidade que não lhe pertence, habitua-se á mesma e faz com que, os que com ele interagem acreditem e criem laços com uma pessoa imaginária.

Outra reflexão importante, neste contexto, prende-se com a questão do público e privado. Ao partilharmos informações na internet, estas podem ser vistas por muitas pessoas e consequentemente perde-se a privacidade e corremos riscos de utilização indevida dessa mesma informação. Ao mesmo tempo, criam-se oportunidades e laços através dessa partilha, culminando numa "faca de gumes". 

Todavia o ciberespaço permite o estabelecimento de comunicação com pessoas que se encontrem a milhares de quilómetros de distância, E remetendo para o meu próprio exemplo de vida, eu morei em Londres por 8 anos, a maneira mais eficaz e rápida de me manter em contacto com todas as pessoas é através das redes sociais, assim acompanho o dia delas como se tivessem presente. 

A internet veio quebrar fronteiras reais e encurtar distâncias, ao mesmo tempo que diminui a proximidade física entre os indivíduos, a mesma proximidade física pode ser percebida como o grau de presença social, isto é, o grau com que uma pessoa é percepcionada como “real e presente” numa dada comunicação, ou seja, a Teoria da Presença Social.

Em suma, todas estas alterações no processo relacional dos indivíduos têm vantagens e desvantagens, no entanto cabe a cada um de nós medir o seu peso e optar por aquilo que o satisfaz da melhor maneira. A comunicação mediada por computador não pode ser vista apenas de uma forma positiva, há que reflectir sobre as suas consequências. Hoje em dia, já muita coisa é possível neste tipo de comunicação e nunca se sabe até que ponto poderá evoluir, vendo que todos os dias as tecnologias tem um avanço considerável. 

Referências bibliográficas:
Levy,P. (2001) – O que é o virtual? Lisboa: Quarteto Editora.

Sayeg, M. E. M. (Julho, 2001). Interação no Cyberespaço: Real ou Virtual? Revista Tesseract, 5.

Souza, R. (Abril, 2001). O que é, realmente, o virtual? Revista da Informação e Tecnologia. Disponível em http://www.ccuec.unicamp.br/revista/infotec/artigos/renato.html 

Quintas-Mendes, A., Morgado, L., & Amante, L. (2010). Comunicação Mediatizada por Computador e Educação Online: da Distância à Proximidade. In M., L. Pesce & A. Zuin (Orgs.), Educação online: cenário, formação e questões didático-metodológicas. Rio de Janeiro: Editora WAK, pp. 247-278.

Sem comentários:

Enviar um comentário